terça-feira, 14 de outubro de 2008

7.1 - JOVEM GUARDA

Falar sobre Jovem Guarda, é para mim um assunto de blog inteiro, porque vivenciei tudo na minha adolescência. Por enquanto vou inciar apenas um rascunho. Depois desenvolverei os textos, na medida do tempo, que é muito sacrificado por causa da ocupação profissional (consequencia do pecado adâmico).

A Jovem Guarda foi uma época inesquecível, por conta de vários fatores. Primeiro, foi um movimento de juventude, fase que marca a vida de todos nós. Segundo, foi muito rico musicalmente, por conta da insuperável beleza das eternas canções dos Beatles. Terceiro, tudo isso revestido de revolução de costumes, moda, muita beleza, sentimento, vislumbre, paixão, rolava muito namoro, etc.

Todo jovem naquela época, arriscava aprender algumas notas num violão ou guitarra para tentar imitar seus ídolos e ganhar algumas gatinhas.

Mas tem também por trás de tudo isso, todo um contexto social e político pra ser comentado, visto que a Jovem Guarda se deu justamente no início da ditadura militar. Foi uma época apagada culturalmente, a juventude não tinha liberdade de expressão, não se escreviam livros, o que escrevesse não se publicava, era tudo censurado. Ninguém podia fazer estudos intelectualmente avançados e nem se meter em assuntos políticos. O único protesto que tinha na época era cantar de forma branda e bem humorada sobre a repressão dos pais contra a moda, a mini-saia das meninas e o cabelo comprido dos rapazes. No resto era só "abobrinha", paixões adolescentes, lamentar amores perdidos, falar de festinhas, futilidades e vaidades, como moda, carros, conquistas masculinas, etc.

A Jovem Guarda, talvez de forma inconsciente, até prestou serviço à própria ditadura, ou seja: enquanto estudantes adolescentes e a juventude em geral viviam dormindo, embalados no sonho colorido do rock'n roll (na onda do iê-iê-iê, como se dizia na época), a ditadura militar deitava e rolava sem sofrer resistência. A intenção do governo era manter a juventude distraída, alheia aos problemas políticos.

Por isso a Jovem Guarda, apesar de musicalmente muito rica, foi literariamente muito pobre. Mas não resta a menor dúvida de que é o seguimento musical brasileiro mais amado, mais lembrado, mais saudoso.

Alguns nomes do período pre-Jovem Guarda, faziam parte de bandas instrumentais, como Os Incríveis, Renato e Seus Blue Caps, The Fevers, Ed Wilson, Erasmo Carlos, etc. e com a Jovem Guarda se tornaram ídolos,

Um aspecto notável da Jovem Guarda é que os discos eram sucesso permanente, tocavam 2, 3, 4 anos no hit parade (progr,classif.de sucessos), não só porque o universo era pequeno, mas também pela beleza das canções. Hoje, um sucesso é 6 meses e olhe lá!

A Jovem Guarda foi um movimento muito forte, tão forte, que qualquer artista,de qualquer gênero musical na época, tinha que introduzir qualquer arranjo dentro da linha Jovem Guarda para poder fazer suceso. E assim, muita gente embarcou de carona. Ter sido um artista de Jovem Guarda é uma coisa e ter sido contemporâneo da Jovem Guarda é outra coisa. Não vou citar exemplos, mas apenas um para entender todos: havia, na época, um excelente cantor romântico, voz magnífica, muito bonita, chamado Nilton César, que gravou um canção intitulada "Professor apaixonado", um tremendo rock na pura essência do ritmo. Mas, foi Nilton César um artista de Jovem Guarda? Não. Ele gravava bolero, mas aproveitando a onda gravou "Professor apaixonado" que foi de arrepiar. E assim, muitos outros que não é preciso citar nomes para não suscitar discussão e polêmica.

Há, ainda, outra confusão em torno de artistas que surgiram pós-Jovem Guarda. Depois que acabou o programa "Jovem Guarda", que era exibido pela TV- Record, os artistas do movimento Jovem Guarda ficaram perdidos, como "órfãos", muitos desistiram de suas carreiras e outros enveredaram por um caminho "romântico brega" e ainda outros surgiram no mercado fonográfico e se juntaram a eles na mesma trilha romântico brega. Muita gente confunde isso com Jovem Guarda, mas nada tem a ver com o rock Jovem Guarda que surgiu e encantou toda a juventude brasileira de 1964 a 1969. Foram esses os anos da Jovem Guarda. Doces tempos! Lindos anos! E éramos todos jovens!!!


Futuramente comentarei nesta mesma postagem sobre cada artista da Jovem Guarda, de forma individual, seu estilo, carreira, sucesso, detalhes, curiosidades, seu peso no contexto Jovem Guarda, etc. Muitos deles apenas embarcaram de carona, enquanto outros forneceram subsídios para que a própria Jovem Guarda existisse, como Roberto e Erasmo, o guitarrista Renato Barros, Wanderléa, Jerry Adriani, Leno e Lílian, Os Vips, Deny & Dino, Golden Boys, Eduardo Araujo, etc.

Por enquanto, balance o coração na saudade, vendo essas imagens:
(Devo justificar a presença de Rita Pavone na Jovem Guarda: apesar de ser italiana, mas fez muito sucesso no Brasil e sua música gerou muitas versões brasileiras)

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